“A Ucrânia e as suas comunidades da diáspora comemoram, no biénio 2007-2008, o 75.º aniversário de um dos mais trágicos acontecimentos do século XX: a “Grande Fome de 1932-1933”, também designada de Holodomor (“extermínio pela fome”). Durante esses anos, várias regiões da União Soviética - Kasaquistão, regiões dos rios Volga e Don, Ucrânia e Cáucaso do Norte, - sofrem os efeitos da política de colectivização da agricultura empreendida pelo regime estalinista, resultando na morte de 5 a 6 milhões de pessoas, fundamentalmente camponeses. A instrumentalização repressiva da fome adquire particular relevância nos territórios maioritariamente ucranianos (Ucrânia e região de Kuban, no Cáucaso do Norte), devido à sua oposição à colectivização agrícola e ao apego que manifestavam pela cultura e tradições nacionais. No sentido de garantir a subjugação de uma nação suspeita de deslealdade, foram aplicadas diversas medidas, entre elas : a confiscação das colheitas, assim como das reservas alimentares dos camponeses, recorrendo a todo o tipo de violências e abusos e colocando em grave risco a sua sobrevivência; · o encerramento, pela polícia, das fronteirasda Ucrânia, impedindo que os camponeses procurassem alimentos na Rússiae em outras regiões, ou os transportassem para a Ucrânia; · a proibição da venda de bilhetes de comboio e instalação de barreiras policiais nas estações ferroviáriase nas estradas que levavam às cidades. Centenas de milhar de famintos foram assim obrigados a regressar às aldeias, morrendo de fome.
Após a recuperação da independência, as autoridades da Ucrânia instituíram, no quarto sábado do mês de Novembro, o “Dia da Memória das Vítimas da Fome e das Repressões Políticas”. Em 2006, o Parlamento da Ucrânia aprovou uma resolução que condena o Holodomor como acto de genocídio contra o povo ucraniano. Em resposta aos apelos das autoridades ucranianas e da diáspora, um número crescente de países e de organizações internacionais (OSCE; UNESCO; EUA; Canadá; Perú; Austrália; Espanha; Polónia) têm manifestado igualmente a sua solidariedade com as vítimas do Holodomor”. Luís Miguel Ribeiro
PROJECTO “CULTURAS CRUZADAS” Difusão Cultural 2007/2008
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NOTA BIOGRÁFICA DE LUÍS MIGUEL RIBEIRO Luís Miguel Ribeiro é licenciado em História pela Universidade de Lisboa e Professor do 3.º Ciclo do Ensino Básico. Desde 2006, desenvolve diversas acções de divulgação sobre o tema do Holodomor, tendo como objectivo o reconhecimento oficial deste genocídio pelo Estado Português. Contando com a colaboração da Embaixada da Ucrânia e da Associação dos Ucranianos em Portugal, destacam-se as seguintes iniciativas: Correspondência com diversos partidos políticos portugueses, apelando ao reconhecimento do genocídio pela Assembleia da República (24/03/06); Participação nas comemorações do “Dia em Memória das Vítimas da Fome e das Repressões Políticas” (Lisboa, 26/11/06); Petição à Assembleia da República para o reconhecimento oficial do genocídio (24/01/2007); Desenvolve um trabalho de investigação sobre a cobertura dada pela Imprensa portuguesa a diversos episódios históricos do período estalinista.
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