30.03.2008.
Poetas ucranianos.
Vassyl Stus
1938-1985
Mar —
é negro torrão do paser
a alma de Mefistófeles
está sozinha.
O piano de cauda
esfria sob os dedos da moça,
e no abismo
precipita-se a terra.
Capim áspero
capta passos úmidos,
e a névoa pesada
cobre o gemido do elemento.
Tradução do Ucraniano Wira Selanski
A alma — qual sino. Palavras,
Pesadas abelhas da tarde,
Hão de passar — esvazia
A brisa de mel. Escuta.
Silêncio, despe as palavras de asas !
Aumenta, silêncio.
Tradução do Ucraniano Wira Selanski
Em memória de Alla Ghorska
Flori, minh'alma ! Deixa de gemer !
O sol da Ucrânia envolve o sol soturno,
Então procura a sombra do viburno,
Em águas negras — sombra de viver,
Onde de nós punhado vai sobrar
Só para preces, só para esperanças.
A morte é nossa sina sem bonanças.
Pois sangue de viburno vem pulsar
Tão forte em nossas veias retesadas.
Deslizam ao abismo sem parar
As uvas dolorosas do pesar,
Na eterna desventura sazonadas.
Tradução do Ucraniano Wira Selanski
Entre os pardais, no pátio da prisão,
de súbito, escutei o chamariz
principiando fino a tecer
o azul ribeiro do pesar. Julguei
um riacho primavero soluçar.
Tradução do Ucraniano Wira Selanski
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