Páginas trágicas do sofrimento por que passou o povo da Ucrânia durante o terrível regime da União Soviética foram silenciadas ou mantidas longe dos olhos dos nossos compatriotas e também do Mundo. A conspiração de silêncio em torno destes acontecimentos dura há décadas e é poderosa. De facto, mesmo agora que celebramos já o décimo sétimo aniversário da Independência da Ucrânia, continua a haver forças que não querem falar sobre o assunto e tudo fazem para o deixar cair no esquecimento. Mas a monstruosa engenharia social que deliberadamente fez morrer de fome mais de 9 milhões de pessoas, num país que a justo título era chamado o “celeiro” e o “paraíso da agricultura”, é algo que não se consegue esconder para sempre. Por um lado, a história já muitas vezes mostrou que a ânsia de liberdade e o apego aos valores humanos acabam por vencer as ditaduras e as tiranias, expondo à luz do dia os seus crimes. E, por outro lado, independentemente do destino dos povos, há sempre alguém que luta pela reposição da verdade e faz sua a causa daqueles que sofreram e a quem é negada até a memória do seu martírio. Muitas vezes quem tenta dar voz à verdade e dedica o seu esforço a fazê-la vir ao de cima não pertence à nação em causa – vem de longe, não fala pelos seus. A não ser no sentido em que adopta como seus todos os seres humanos, independentemente da nacionalidade, e se indigna em nome daquilo que nos é comum a todos e dos valores que o deviam ser. É o seu caso, caro Dr. Luís Ribeiro. A sua probidade e o seu empenho desinteressado na reposição da verdade mostram-nos o que é, em concreto, a dedicação ao serviço da humanidade. Em si, nós que viemos para Portugal para procurar uma vida melhor, que as circunstâncias nos negavam na Pátria, encontrámos o que de melhor há em Portugal num outro aspecto, que também é essencial para as nossas vidas: aquele que tem que ver com o espírito e as qualidades humanas, a honestidade, a solidariedade, a preocupação de servir causas e os outros.

É por isso que lhe queremos dizer com convicção o que de forma tão bela se acha expresso na antiga fórmula portuguesa: Bem haja.

Com os melhores cumprimentos,

Presidente do Associação dos ucranianos em Portugal,

Pavlo Sadokha